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Pergunta Semanal

Quando devo encaminhar um paciente com disfunção renal crônica para avaliação do Nefrologista?

Tempo de Leitura

5 minutos

Data de Postagem

14/09/2022

Uma dúvida muito frequente na APS, que vem decorrente da preocupação constante com pacientes com disfunção renal, é qual o momento certo para encaminhar o paciente para o Nefrologista?

RESPOSTA:

Os pacientes deverão ser encaminhados ao nefrologista se apresentarem:

  • Taxa de Filtração Glomerular (TFG) < 30 ml/min/1,73 m2 (estágios 4 e 5);
  • Proteinúria;

Em caso de:

– macroalbubinúria: encaminhar ao nefrologista, independente da taxa de filtração glomerular.

– microalbuminúria: encaminhar ao nefrologista se TFG entre 30 e 60 ml/min/1,73m2 (exceto diabéticos, que devem ser encaminhados somente se apresentarem macroalbuminúria)

  • Hematúria persistente (confirmada em dois exames de EQU/EAS/Urina tipo 1, com 8 semanas de intervalo entre os mesmos e pesquisa de hemácias dismórficas positiva);

Atenção!

A pesquisa de hemácias dismórficas é importante para definir se a origem da hematúria é glomerular. Hematúria cuja origem não é glomerular deve ser avaliada por Urologista.

  • Alterações anatômicas que provoquem lesão ou perda de função renal;

Doença Policística Renal

Estenose de Artéria Renal

Assimetria Renal (diferença de 1,5 cm entre os rins)

  • Perda rápida da função renal (>5 ml/min/1,73 m2) em 6 meses, com uma TFG <60 ml/min/1,73m2 , confirmado em dois exames;
  • Presença de cilindros com potencial patológico (céreos, largos, graxos, epiteliais, hemáticos ou leucocitários).
  • ITU recorrente (três ou mais infecções urinárias no período de um ano) mesmo com profilaxia adequada, após exclusão de causas anatômicas urológicas ou ginecológicas.

Atenção!

Alteração anatômica no trato urinário que provoque ITU recorrente deve ser encaminhada a Urologia.

  • nefrolitíase recorrente com causa metabólica identificada e com indicação de tratamento farmacológico que não pode ser realizado na APS; ou
  • Impossibilidade de investigar etiologia dos cálculos com exame de eletrólitos na urina de 24 horas e exames séricos.

Encaminhar ao urologista se:

Cálculo ureteral maior que 10 mm;  cálculo ureteral entre 4 e 10 mm que não foi eliminado após 6 semanas de tratamento clínico; cálculo vesical; cálculo renal sintomático (episódios recorrentes de dor, hematúria ou infecção de trato urinário); e cálculo renal assintomático maior que 10 mm

Alterações como Hidronefrose, cisto simples que produz obstrução e massas renais ou tumores devem ser avaliadas inicialmente pelo Urologista.

  • suspeita de hipertensão secundária (encaminhar para nefrologia, cardiologia ou endocrinologista de acordo com hipótese diagnóstica)
  • falta de controle da pressão com no mínimo três medicações anti-hipertensivas em dose plena, após avaliação da adesão.
  • suspeita de doença policística renal;

História familiar positiva e;

– Pacientes com idade entre 15 e 39 anos com três ou mais cistos uni ou bilaterais;

– Pacientes com idade entre 40 e 59 anos com dois ou mais cistos em cada rim;

– Pacientes com idade igual ou superior a 60 anos com quatro ou mais cistos em cada rim.

 

História familiar negativa e;

 – 10 ou mais cistos em cada rim, na ausência de achados sugestivos de outra doença renal cística, principalmente se rins aumentados bilateralmente ou presença concomitante de cistos hepáticos, pancreáticos ou esplênicos.

  • Presença de distúrbios de eletrólitos/ acido-base;

Hipercalemia, Hipocalemia, Acidose metabólica, Alcalose Metabólica persistentes.

 
 
 
Referências
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Teleconsultor:  Rodrigo Silva Grilo

Revisor:  Joice Élica Espindola Paes Ozelame