O teste rápido (imunocromatográfico) é utilizado na detecção de anticorpos contra o SARS-CoV-2. Ele detecta a presença de anticorpos no sangue do paciente (poucas gotas extraídas por punção do dedo), que são produzidos pelo sistema imunológico após o contato com o coronavírus. A produção desses anticorpos requer algum tempo e, por isso, esse teste só deve ser realizado ao menos 8 dias após o início dos sintomas (ideal por volta do 10º dia). A realização do teste antes desse período pode levar a um resultado “falso negativo”, por não haver quantidades suficientes de anticorpos nesses momentos. Alguns testes rápidos podem discriminar a presença de diferentes anticorpos, como o IgM, que é produzido mais prontamente e pode ser indicativo de uma infecção mais recente, e o IgG, que é produzido posteriormente e sugere exposição passada ao coronavírus. A função do teste rápido é avaliar o estado imunológico do paciente frente ao SARS-CoV-2, já que a presença de anticorpos sugere exposição anterior ao vírus, embora resultados “falsos positivos” possam surgir pela presença de anticorpos para outros vírus. Por isso, o teste rápido não deve ser usado para confirmar diagnóstico atual de COVID-19.
Já o RT-PCR (reação em cadeia de polimerase com transcrição reversa em tempo real) é o teste molecular utilizado como padrão-ouro para a detecção do SARS-CoV-2. Ele detecta o material genético do vírus em secreções do paciente, geralmente coletadas na orofaringe e nasofaringe por swab, embora outras amostras possam ser utilizadas (escarro, lavado broncoalveolar, etc.). A carga viral é maior no início da infecção e, por isso, a realização do RT-PCR é recomendada, preferencialmente, nos primeiros 7 dias após o início dos sintomas. Por isso, esse teste é o recomendado para confirmar o diagnóstico atual de COVID-19 em pacientes com suspeita clínica.
Não está recomendada a realização de RT-PCR ou teste rápido para suspenção do isolamento domiciliar. A suspensão do isolamento domiciliar deve ser orientada conforme as condições clínicas do paciente (10 dias de isolamento + ausência de sinais e sintomas por, pelo menos, 24h).
Hassel Dias et al. Orientações sobre diagnóstico, tratamento e isolamento de pacientes com COVID-19. Journal of Infection Control 2020; 9(2): 56-75. Disponível em: http://jicabih.com.br/index.php/jic/article/view/295. Acesso em: 30 Jul. 2020.
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Testes para Covid-19: perguntas e respostas. Última atualização: 14 Maio 2020. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/noticias/-/asset_publisher/FXrpx9qY7FbU/content/testes-para-covid-19-perguntas-e-respost-1/219201. Acesso em: 30 Jul. 2020.
Centers for Disease Control and Prevention. Testing for COVID-19. Última atualização: 24 Jun. 2020. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/symptoms-testing/testing.html. Acesso em: 30 Jul. 2020.
Secretaria de Estado de Saúde. Vigilância em Saúde / Gerência Técnica de Influenza e Doenças Respiratórias. Nota Técnica n.ª 14. Campo Grande:Secretaria de Estado de Saúde, 2020. Disponível em: https://www.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/2020/07/Nota-T%C3%A9cnica-COVID-19-Revis%C3%A3o-14-31-07-2020.pdf Acesso em 12 de agosto de 2020.
R74 – Infecção aguda do aparelho respiratório superior (IVAS)
Lucas Gazarini – Farmacêutico, Doutor em Farmacologia, Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5145465424080347
Gabriela de Oliveira da Silva Bastos – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4935773424989286
Sabrina Zancani Ribeiro – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.