Existem testes capazes de detectar defeitos e limitações no âmbito da visão chamados ‘’testes de acuidade visual’’ que podem ser utilizados, inclusive, nas escolas (OMS, 2018). Assim, o teste mais usado para crianças a partir de 5 anos, de acordo com Seif (2021), é a tabela de Snellen, que possui várias letras de diferentes tamanhos em fileiras e tamanho padronizado. Durante esse teste, o paciente é colocado a 5-6 metros de distância da tabela, cobre-se um olho de cada vez e o avaliador instrui o educando a dizer as letras que está enxergando, das letras maiores para as menores. Cada fileira é marcada por uma estimativa de acuidade visual (AV), que se agrava ao não enxergar as maiores letras em distâncias menores.
Apesar de eficaz para realizar rastreios e altamente acessível por possuir baixa complexidade, esse teste não deve ser utilizado para diagnóstico de doenças oculares, pois apresenta resultados pouco específicos. Entretanto, pode ser realizado, segundo Corrêa et al (2022), por todos os profissionais da saúde e da educação, desde que devidamente capacitados para identificar a necessidade de encaminhamentos médicos.
Além do Tabela de Snellen, é comum, também, a utilização do Senso Cromático, criado por Shinobu Ishihara, que são discos ou placas coloridas com números em seu interior, capazes de identificar o daltonismo (Mais Laudo, 2019).
Diante do exposto, alguns sinais visuais que crianças e adolescentes apresentam, como sentar muito próximo ao quadro, segurar livros muito próximos aos olhos para conseguir ler, ter dificuldades no aprendizado das cores e na alfabetização são indicativos de baixa acuidade visual. Cabe ao ACS e aos professores se atentar a esses sinais, para que façam os testes com os alunos e, se necessário, os encaminharem para o oftalmologista ou o médico da APS, visando garantir condições saudáveis de aprendizado ao longo do ano letivo.
Tendo em vista a relevância dessa temática, já existem leis que instituem visitas anuais para realização de testes de acuidade visual nas escolas em diversos municípios do Estado do Mato Grosso do Sul, como Campo Grande, Dourados, Terenos e Rio Negro. Ademais, está em trâmite na Câmara dos Deputados o Projeto de lei n.º 2.135 que tem como objetivo regulamentar o acesso a esses exames em todas as escolas brasileiras, visando garantir a qualidade do aprendizado e homogeneizar e a saúde visual dos estudantes.
Referências:
BRASIL. Projeto de lei n.º 2.135, 9 de Abril de 2019. Dispõe sobre a obrigatoriedade de avaliação oftalmológica e o fornecimento de óculos para os alunos do ensino fundamental, médio e Centros Municipais de Educação Infantil – CMEIs da Rede Municipal e Estadual em âmbito nacional. Brasília: Câmara dos Deputados, 2019. Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=173 9758#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20obrigatoriedade%20de,e%2 0Estadual%20em%20%C3%A2mbito%20nacional. Acesso em: 20 Ago. 2023.
CORRÊA, E. J., et. al. Avaliação ocular de crianças e adolescentes na atenção básica à saúde. Acervo de Recursos Educacionais em Saúde, 2022. Disponível em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/24811. Acesso em: 19 Ago. 2023.
DOURADOS. Lei n.º 2.342, 29 de Maio de 2000. Dispões sobre a obrigatoriedade de testes de ‘acuidade visual’ na Rede Municipal de Ensino de Dourados e dá outras providências’’. Câmara Municipal de Dourados, MS. Disponível em:
https://www.dourados.ms.gov.br/wp-content/uploads/2014/09/Lei-n%C2%BA-2 342-Disp%C3%B5e-sobre-a-obrigatoriedade-de-testes-de-%E2%80%98acuid ade-visual%E2%80%99-na-Rede-Municipal-de-Ensino-de-Dourados-e-da-a-o utras-provid%C3%AAncias.pdf. Acesso em: 29 Ago. 2023.
FERREIRA, S. PSE realiza testes para detectar saúde ocular de alunos da rede municipal. Marechal Notícias, 17 out. 2018. Disponível em: http://www.marechalnoticias.com.br/noticias/marechal-deodoro/pse-realiza-tes tes-para-detectar-saude-ocular-de-alunos-da-rede-municipal/. Acesso em: 20 Ago. 2023.
JAMPAULO, M. 15 sinais de problema de vista em crianças. Viva Oftalmologia, 15 mai. 2020. Disponível em: https://vivaoftalmologia.com.br/sinais-de-problema-de-vista-em-criancas/. Acesso em: 20 Ago. 2023..
SEIF, S. K. Tabela de Snellen: uma ferramenta de avaliação da acuidade visual. Sanar Med, 2021. Disponível em:
https://www.sanarmed.com/tabela-de-snellen-uma-ferramenta-de-avaliacao-da
-acuidade-visual-colunistas. Acesso em: 19 Ago. 2023.
TERENOS. Lei Municipal n.º 1.233/2018, 2018. Institui a realização de teste de Acuidade Visual nas Escolas e Creche e dá outras providências. Câmara Municipal de Terenos, MS. Disponível em: https://camaraterenos.ms.gov.br/wp-content/plugins/CMTerenos/PublicacoesO
ficiais-Ver.php?Tipo=leis_municipais&id=590&versao=digitalizado. Acesso em: 29 Ago. 2023.
TESTE de acuidade visual: O que é? Como é feito? Tabela ou Aparelho?.
Mais laudo, 2019. Disponível em:
https://maislaudo.com.br/blog/exames-complementares-conheca-o-teste-de-a cuidade-visual/. Acesso em: 19 Ago. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde Ocular. Cadernos temáticos do PSE, Brasília, 2016. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/caderno_saude_ocular. pdf. Acesso em: 22 Ago. 2023.
Descritores CIAP2
F28 – Limitação funcional/incapacidade.
Teleconsultor:
Juliana Dias Reis Pessalacia – Pós Doutora em Enfermagem em Saúde Coletiva pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP), Mestre e Doutora em Enfermagem Psiquiátrica pela Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP). Docente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Campus de Três Lagoas.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4043784563120025
Priscila Damaceno Santos – Bacharel em Enfermagem pela Universidade de Franca (UNIFRAN), mestranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Enfermeira-área da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Campus de Três Lagoas.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5205986415667053
Amanda Parreira Teixeira – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Ana Carolina Dorigon Moço – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Ana Carolina Rodrigues Gualdi – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Anna Beatriz Pereira Lima – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Beni Christ Bokouendé – Graduando do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Izabeli Renata Biazon – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.