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Pergunta Semanal

Quais as diferenças entre as doenças: Dengue, Chikungunya e Zika?

Tempo de Leitura

5 minutos

Data de Postagem

12/12/2022

RESPOSTA:

Essas três arboviroses podem ser erroneamente confundidas por apresentarem sintomatologias iniciais comuns variando apenas na intensidade, além de partilharem dos mesmos vetores: os mosquitos Aedes Aegypti e Aedes albopictus. Os sintomas mais relatados nas três doenças endêmicas citadas, são febre, cefaleia (dor de cabeça), Rash cutâneo (exantema, manchas avermelhadas na pele) e mialgia/artralgia (dor nas articulações). Portanto, as diferenciações entre elas se baseiam em critérios clínico-epidemiológicos ou por testes laboratoriais específicos.

 DENGUE:

– A infecção pode ser assintomática, leve ou causar doença grave;

– O período de incubação do vírus após o contágio (picada pelo agente vetorial) é normalmente de 3 dias;

– Inicialmente, já apresenta um quadro de febre alta (média entre 39º e 40ºC), que geralmente dura de 2 a 7 dias, prostração e fraqueza;

– Sinais que podem auxiliar em um diagnóstico diferencial a nível inicial: náuseas, vômitos e dores atrás dos globos oculares;

– Pode evoluir para Dengue grave, caracterizada por um quadro hemorrágico, com o aparecimento de sinais como petéquias, hemorragia das mucosas, equimoses e, em casos ainda mais graves, hemorragia intestinal.

CHIKUNGUNYA:

– O período de incubação do vírus após contágio (picada pelo agente vetorial) é normalmente de 2 a 12 dias;

– 30% dos casos não apresentam sintomas;

– A fase aguda da infecção se inicia abruptamente, com sintomas característicos como febre alta, exantema, dor intensa nas articulações e sangramento no nariz;

– Em seguida, tem -se a fase subaguda da doença, quando a febre cessa mas a artralgia intensa persiste, podendo ainda ser agravada;

– Caso este sintoma persista por mais tempo, o paciente entra em estado crônico da doença, de forma que a dor articular pode durar até 3 anos após a infecção pelo vírus.

 ZIKA VÍRUS:

– A maioria dos casos de infecção, cerca de 80%, são assintomáticos;

– O período de incubação do vírus após contágio é de aproximadamente 3 a 7 dias;

– Normalmente sua manifestação clínica é mais branda, e quando apresenta sintomas, eles são: febre baixa, dores leves nas articulações, Rash Cutâneo, hiperemia conjuntival (vermelhidão nos olhos) e conjuntivite não purulenta;

– O vírus tem forte tendência de se instalar em tecidos do sistema nervoso central, podendo causar, em casos mais severos, meningite, mielite transversa e Síndrome de Guillain-Barré;

– Estudos recentes estão relacionando infecções durante a gravidez a casos de fetos nascidos com microcefalia.

DIAGNÓSTICO:

– A prova do laço é um teste frequentemente utilizado na prática clínica quando há suspeita de dengue, sendo seu resultado positivo muito frequente. É um teste de alerta para casos de dengue grave;

– No geral, os testes rápidos utilizados são: teste rápido da dengue/NS1 (técnica Elisa de captura – detecção do antígeno) e o RT-PCR (detecta antígeno e seu sorotipo). Posteriormente, para confirmação, é realizado ensaio imunoenzimático, com o teste de ELISA/sorologia (detecta anticorpo, então deve ser realizado a partir do sexto dia de doença);

– Importante: o teste rápido deve ser realizado até o 5º dia do aparecimento dos sintomas e, após o 6o dia, tem-se a detecção de anticorpos específicos (teste de sorologia);

– Quanto à Chikungunya, os testes laboratoriais específicos mais utilizados são o hemograma e exames bioquímicos, mas em casos mais graves, utiliza-se testes de creatinina, transaminases e eletrólitos.

 
 
Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Chikungunya. Teste rápido para dengue,chikungunya e zika – Folheto/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/zika/folhetoteste-rapido-dengue-21ago17-cs.pdf/view#:~:text=Os%20testes%20r%CA1pidos%20s%C3%A3o%20testes,%C3%A0%20defini%C3%A7%C3%A3o%20de%20caso%20suspeito>. Acesso em: 3 out. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretoria Técnica de Gestão. Dengue: diagnóstico e manejo clínico: adulto e criança/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Diretoria Técnica de Gestão. Brasília:Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/dengue_diagnostico_manejo_clinico_adulto.pdf>. Acesso em: 24 out. 2022.

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO (COREn-SP). Dengue-Chikungunya-e-zika,2010.Disponível em: <https://portal.coren-sp.gov.br/publicacoes/dengue-chikungunya-e-zika/>. Acesso em: 3 out. 2022.

COSTA, D.S.P. et al. Aspectos virológicos, clínicos, laboratoriais e epidemiológicos, das arboviroses: dengue, febre chikungunya e zika vírus. Jun 2017. Disponível em: <http://repositorio.asces.edu.br/handle/123456789/1108>. Acesso em: 3 out. 2022.

MANIERO, V. C. et al. Dengue, chikungunya e zika vírus no brasil: situação epidemiológica, aspectos clínicos e medidas preventivas. Almanaque multidisciplinar de pesquisa, v. 3, n. 1, 2016. Disponível em: <http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/amp/article/view/3409>. Acesso em: 3 out. 2022.

REIS, K. M. N. et al. Aspectos epidemiológicos e distinção entre Chikungunya, Dengue e Zika Vírus. Revista Científica UNIFAGOC-Saúde, v. 5, n. 2, p.39-49, 2021. Disponível em: <https://revista.unifagoc.edu.br/index.php/saude/article/view/658>. Acesso em: 3 out. 2022.

Descritores CIAP2

A77 Dengue e outras doenças virais NE

Teleconsultor

Juliana Dias Reis Pessalacia – Enfermeira, Psicanalista, Pós Doutora em Enfermagem em Saúde Coletiva pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP), Mestre e Doutora em Enfermagem Psiquiátrica pela Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP). Docente Associada da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus Três Lagoas (CPTL), atuando no curso de graduação em Medicina. Lattes:http://lattes.cnpq.br/4043784563120025

Colaboradores

Alex Corá da Silva – Acadêmico do curso de Medicina, 2º período, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas – CPTL.

Fernanda Herpich – Acadêmica do curso de Medicina, 2º período, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas– CPTL.

Giovanna Geron dos Santos– Acadêmica do curso de Medicina, 2º período, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas – CPTL.

Giovanna Nogara Betti– Acadêmica do curso de Medicina, 2º período, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas –CPTL.

Juliana Sayuri Suguaya– Acadêmica do curso de Medicina, 2º período, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Três Lagoas – CPTL