Sim, é possível diagnosticar a microcefalia durante o pré-natal. Sendo que a ultrassonografia obstétrica é o primeiro exame a ser realizado para os primeiros achados sugestivos de microcefalia congênita a partir do comprimento da circunferência craniana do feto. Caso o tamanho aferido seja menor que dois desvios padrões abaixo da média para a idade gestacional, ou com alteração no sistema nervoso central, é um indício para microcefalia causada pelo zika vírus na gestação.

Após a realização da ultrassonografia obstétrica e confirmação do tamanho da circunferência abaixo do esperado, é necessário a confirmação da causa, a qual pode ter várias origens (mudança de genes, rubéola, toxoplasmose, zika vírus e outros). Portanto, a identificação do vírus no organismo materno confirma o diagnóstico. Logo, essa identificação pode ser feita por:

• Teste de PCR (dosagem de proteína C), que avalia a concentração da proteína C no organismo, a qual, por estar associada à inflamação e a processos infecciosos, funciona como um indicativo da presença da doença. Entretanto, caso dê negativo, é necessário fazer o teste sorológico.
• Teste Imunoenzimático (Teste ELISA), que utiliza o soro como amostra para identificar a presença de anticorpos específicos: IgG (detectados a partir do sétimo dia de sintomas e permanecem por mais tempo no organismo) e IgM (detectável após o quarto dia de sintomas e é indicativo de quadro agudo da doença).
• Teste de RNA, que pode ser feito tanto por meio da identificação de RNA do vírus na urina ou no sangue da gestante. Há relatos de pacientes que positivaram para o teste de RNA do vírus na urina, embora eles tivessem negativado para o teste sorológico, o que torna a avaliação da urina o método mais eficaz.

Além disso, há possibilidade de identificação do RNA viral no próprio feto a partir do líquido amniótico. Apesar de serem feitos em raros casos, por ser um método mais invasivo. Com isso, é importante que o acesso ao cuidado pré-natal seja disponibilizado às gestantes, pois, além de possibilitar o cuidado na Zika, realiza outras intervenções importantes para a saúde da mãe e do bebê. Esse acompanhamento deve ser iniciado no primeiro trimestre de gestação, e é direito de toda mãe.

BRASIL. Protocolo de atenção à saúde e resposta à ocorrência de microcefalia Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_resposta_microcefalia_relacionada_infeccao_virus_zika.pdf>. Acesso em 12 de out. de 2022.

REGADAS, Vanessa Couras et al. Microcephaly caused by congenital Zika virus infection and viral detection in maternal urine during pregnancy, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ramb/a/KqPTS6ZDKJkZ9zZ6kFpN6nC/?lang=en. Acesso em 12 de out. de 2022. Saiba como funciona o diagnóstico do Zika vírus em laboratório. Hemos  laboratório médico, 2021. Disponível em: https://hemos.com.br/blog/saiba-como-funciona-o-diagnostico-do-zika-virus-em-laboratorio/. Acesso em 12 de out. de 2022