Telessaúde MS

Pergunta Semanal

Como o ACS pode ajudar na identificação e acompanhamento de casos de pessoas com ideação suicida?

Tempo de Leitura

5 minutos

Data de Postagem

24/09/2020

RESPOSTA:

A prevenção do suicídio começa com a oferta de atendimento e tratamento adequado das pessoas em sofrimento psíquico, de modo rotineiro, uma vez que o próprio sofrimento psíquico é causa de ideação suicida quando não tratado e controlado. Além disso, também se pode prevenir a partir do controle dos fatores de risco, como histórico de violência (como agressor e/ou vítima), presença de transtornos psiquiátricos, abuso de drogas, álcool e outras substâncias, desemprego e problemas financeiros, problemas familiares, entre tantos outros que podem causar e agravar o sofrimento psíquico.

São elementos considerados essenciais para ações de prevenção do suicídio: a sensibilidade para perceber a presença do risco, mesmo numa simples conversa de sala de espera ou corredor, e a orientação apropriada. Isso significa que todo profissional de saúde deve conhecer minimamente sobre o tema para poder intervir, quando necessário.

A abordagem do risco de suicídio e sua prevenção são de responsabilidade de todos os profissionais de saúde, porém a Atenção Primária à Saúde (APS) ocupa um papel privilegiado no cuidado e na articulação da rede de suporte da pessoa em risco e no apoio aos familiares e amigos.

Por ser um assunto complexo, o ACS deverá trabalhar muito articulado e integrado com a equipe de saúde. As ameaças de suicídio devem ser levadas a sério, desmistificando a ideia de que “quem ameaça não faz”.

Outro ponto importante está na quebra do tabu em falar sobre o assunto, pois muitas vezes falar alivia a angústia e até mesmo pode dissuadir ideias suicidas, simplesmente por mostrar que alguém se importa com seu sofrimento. Um dos maiores medos dos profissionais da saúde que não são da área da saúde mental, é em saber o que dizer numa hora dessas. Não há receitas ou fórmulas prontas. Ninguém sabe o que é certo e o que é errado dizer num momento extremo. Muitas vezes, nem precisamos dizer nada. Só o fato de ter alguém ouvindo atentamente já ajuda o paciente a se acalmar. Estar junto, acolhendo a dor do paciente, pode ser mais eficaz do que ter a palavra certa para dizer neste momento.

Também é importante orientar a família sobre o cuidado com o fácil acesso a meios para concretizar as ideações, como facas, armas e medicamentos, uma vez que as situações de risco tornam-se mais frequentes nesses momentos.

Além disso, estas ações devem ser combinadas ao trabalho de diversos profissionais para além do ACS, quer seja pelo envolvimento de toda a equipe da Saúde da Família, quer seja pela Rede de Saúde Mental, por exemplo, o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), quer seja pelo Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), pois estas parcerias são importantes para qualificar toda a equipe de saúde para lidar com a questão do suicídio de forma mais segura, organizada e integrada.

Referências

Prefeitura do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Saúde. (2016). Coleção Guia de Referência Rápida – Avaliação do Risco de Suicídio e sua Prevenção. Rio de Janeiro.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia prático do agente comunitário de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009. Disponível em: http://dab.saude.gov.br/docs/publicacoes/geral/guia_acs.pdf

Descritores CIAP2

A45- Educação em saúde/aconselhamento/dieta

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Adailson da Silva Moreira- Psicólogo, Doutor em Psicologia, Docente do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

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