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3 minutos

Data de Postagem

04/10/2023

RESPOSTA:

Os sinais de depressão em escolares exigem atenção dos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS), pois podem se manifestar de maneira distinta ou com algumas particularidades do que em outras etapas da vida. Sabe-se que 2 em cada 3 estudantes com depressão não são identificados e portanto não recebem tratamento adequado, na atenção primária. Esse fator acende um alerta, pois os problemas de saúde mental podem afetar dramaticamente seu desenvolvimento.
Algumas das manifestações são prolongadas alterações do humor, durante mais de um ano, com irritabilidade e depressividade, alterações do sono e do apetite, baixa concentração e baixa auto-estima. Essa observação precisa levar algum tempo, ou então contar com a avaliação dos profissionais da escola também. Outros pontos que devem ser considerados são: abuso de drogas, perturbações ansiosas, doença bipolar, doença física, abuso físico, sexual ou outro trauma. A possibilidade de uma gravidez deve ser equacionada. As alterações no funcionamento escolar, familiar e com os amigos, também devem ser estimadas.
Mecanismos de avaliação podem, e devem, ser adotados pelos profissionais da APS para um direcionamento eficiente de suas condutas. Um exemplo disso são testes de rastreio para depressão que podem ser aplicados por qualquer um dos profissionais, independente da formação que tiverem, especialmente pelos ACS. Estes são responsáveis pela coleta de informações de suas populações adscritas e auxiliarão na identificação e no encaminhamento dos escolares dentro do sistema de saúde.
A aplicação de testes é fundamental para a triagem desses sintomas, o CDI (Inventário da depressão infantil), por exemplo, serve para identificar sintomas depressivos e não é um instrumento de diagnóstico clínico, portanto pode ser aplicado por outros profissionais da APS. Este teste permite uma autoavaliação fazendo a pontuação de alguns sintomas e é um instrumento com parâmetros psicométricos aceitáveis, sendo bastante útil na identificação de crianças depressivas. Outro teste, já pensando no universo dos adolescentes, é o Questionário de autoavaliação psíquica (SRQ-20 – Self-Report Questionnaire), que foi desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a avaliação de transtornos mentais comuns em países em desenvolvimento. O questionário é composto de 20 itens com respostas dicotômicas (sim/não) que avaliam diversos aspectos da saúde mental. Deste modo, é possível fazer o rastreamento, levantamento dos dados e orientar os próximos passos a partir
de então. Se com uma intervenção coletiva nas escolas, com a formação direcionada de professores, ou com encaminhamento para profissionais de saúde mental, em casos mais específicos. Nessa perspectiva, é importante estar atento aos sinais que os escolares podem apresentar para que assim possa iniciar uma intervenção.

Referências:
BOLSONI, L. B. Avaliação da Fidedignidade e Validade do MINI – Rastreio de Transtornos Mentais (MINI-RTM). Tese (Pós-graduação em Saúde Mental) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Ribeirão Preto. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17148/tde-27072016-160034/publico/L IVIAMARIABOLSONIOrig.pdf

BRITO, I. Ansiedade e depressão na adolescência. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, v. 27, n. 2, p. 208-214, mar 2011. Disponível em: https://rpmgf.pt/ojs/index.php/rpmgf/article/view/10842

GOMES, Laura Poll et al . Inventário de depressão infantil (CDI): uma revisão de artigos científicos brasileiros. Contextos Clínic, São Leopoldo , v. 6, n. 2, p. 95-105, dez. 2013 . Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-3482201300 0200004&lng=pt&nrm=iso

SALLE, E., et al. Escalas psicométricas como instrumentos de rastreamento para depressão em estudantes do ensino médio. Archives of Clinical Psychiatry, São Paulo, v. 39, n. 1, p. 24–27. https://doi.org/10.1590/S0101-60832012000100005

Descritores CIAP2
P03 Tristeza/Sensação de depressão
P22 Sinais/sintomas relacionados ao comportamento da criança
P23 Sinais/sintomas relacionados ao comportamento do adolescente  P29 Sinais/sintomas psicológicos

Teleconsultor
Juliana Dias Reis Pessalacia – Enfermeira, Psicanalista, Pós Doutora em Enfermagem em Saúde Coletiva pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (EE-USP), Mestre e Doutora em Enfermagem Psiquiátrica pela Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP-USP). Docente Associada da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campus Três Lagoas (CPTL), atuando no curso de graduação em Medicina.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/4043784563120025

Priscila Damaceno Santos – Bacharel em Enfermagem pela Universidade de Franca (UNIFRAN), mestranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Enfermeira-área da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul/Campus de Três Lagoas.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/5205986415667053

Bruno Bartimann de Almeida Marques – Graduando do Curso de Graduação em Medicina do Câmpus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes:

Laura Codognato Demarqui Santos – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Câmpus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8725752835521288

Lorrayne Kristie Bagli Nunes – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Câmpus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes:http://lattes.cnpq.br/1567832404662433

Maitê Domingues de Souza Rodrigues – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Câmpus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1544800420127747

Tayla Silva Araujo – Graduanda do Curso de Graduação em Medicina do Câmpus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7067606437148199