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Pergunta Semanal

Como diferenciar um quadro depressivo de uma tristeza passageira?

Tempo de Leitura

5 minutos

Data de Postagem

19/10/2020

RESPOSTA:

Compreender a diferença entre se sentir “triste” e estar deprimido pode fazer uma diferença na qualidade de vida de um indivíduo afetado. Com o tratamento adequado, a depressão pode ser controlada e os indivíduos podem ter uma vida mais agradável e produtiva1.

A tristeza é um sentimento e está vinculada a uma situação em particular, seja ela uma perda de ente querido ou um emprego, por exemplo, e comporta-se em movimento, apontando um início, meio e fim, permeia-se por intervalos livres e então com o tempo e espaço, apaga-se momentaneamente após a experiência de um outro sentimento2.

Enquanto a tristeza é passageira e fugaz, a depressão pode ser duradoura ou recorrente, prejudicando substancialmente a capacidade de um indivíduo de funcionar no trabalho ou na escola ou enfrentar diariamente vida1.

Identifica-se três fatores que diferencia um quadro depressivo da tristeza passageira que são causa, duração e sintomas:

– Causa: enquanto na tristeza geralmente são causados ​​por eventos da vida que nos deixam desanimados, a depressão pode ser desencadeada por um evento estressante na vida ou inidentificável.

– Duração: enquanto a tristeza é temporária, a depressão é persistente e duradoura, se não tratada.

– Sintomas: pessoas tristes conseguem realizar suas atividades diárias normais, enquanto um episódio depressivo os sintomas devem durar pelo menos duas semanas e devem representar uma mudança em seu nível anterior de funcionamento para o diagnóstico de depressão. Além disso, condições médicas (por exemplo, problemas de tireoide, tumor cerebral ou deficiência de vitaminas) podem imitar os sintomas de depressão, por isso é importante descartar causas médicas gerais1,3.

Pode-se apresentar os seguintes sintomas num quadro depressivo:

  • Não ter interesse ou o prazer em atividades que antes eram divertidas;
  • Perder ou ganhar peso sem ter feito alterações na dieta;
  • Ter problemas com sono (dormir pouco ou dormir demais);
  • Ter explosões de raiva, mesmo por motivos bobos;
  • Estar sempre cansado, com pouca energia ou lento;
  • Sentir dificuldade para se concentrar ou para tomar decisões;
  • Ter sentimento de culpa ou de inutilidade.

Em sua forma mais grave, a depressão pode levar ao suicídio3.

A tristeza e a depressão podem coexistir. Porém, saber distingui-las ajuda a entender se está em um processo de tristeza ou com a doença médica, comum e séria que afeta negativamente o bem estar dos indivíduos, a depressão. Isto é importante, pois pode ajudar as pessoas a obter a ajuda, apoio ou tratamento de que precisam.

Referências
  1. Souza C.; Moreira V. Tristeza, depressão e suicídio melancólico: a relação com o Outro. Arquivos Brasileiros de Psicologia; Rio de Janeiro, 70 (2): 173-185, 2018.
  2. Durà-Vilà, G., Littlewood, R., & Leavey, G. (2013). Depressão e medicalização da tristeza: conceituação e recomendação de busca de ajuda. International Journal of Social Psychiatry, 59 (2), 165–175. https://doi.org/10.1177/0020764011430037
  3. World Health Organization. Depression and Other Common Mental Disorders. 2017. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf;jsessionid=178B8D4B29C3C7E0DCA942DB0C5319E7?sequence=1
Descritores CIAP2

P03 Tristeza/ Sensação de depressão

Teleconsultor

Juliana Dias Reis Pessalacia – Enfermeira, Doutora em Enfermagem Psiquiátrica pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, Docente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e dos Cursos de Graduação em Medicina e Enfermagem do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

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Apoio Acadêmico

Priscila Kelly da Silva Neto – Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pelo Pós-Graduação em Enfermagem do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Especialista de Serviços de Saúde na Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul – Núcleo Regional de Saúde de Três Lagoas.

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