A COVID-19 pode ser uma doença grave para qualquer indivíduo, inclusive para as gestantes. No entanto, embora o risco de agravamento de doenças seja mais baixo nesse grupo, é maior quando comparado a outras mulheres não grávidas na mesma faixa etária. Nesse sentido, a vacinação se mostra muito eficaz para prevenir a contaminação e os possíveis agravos causados pela infecção do novo coronavírus, uma vez que quando infectadas, as gestantes correm maior risco de necessitar de suporte hospitalar avançado, como os oferecidos nas unidades de terapia intensiva (UTIs) [1].
Em relação à segurança ao bebê, até o momento não há nenhuma evidência científica que inviabilize a imunização. Nessa perspectiva, o Ministério da Saúde sugere que a vacinação seja feita em gestantes, puérperas (até 60 dias após o parto) e nas lactantes. Ainda, convém lembrar que, depois de vacinadas, as mães em amamentação exclusiva devem ser orientadas pelos profissionais de saúde a não interromper o aleitamento materno. Por fim, a doação de leite humano também poderá ser feita mesmo após receber o imunizante, desde que seguidas as orientações fornecidas pelo Ministério da Saúde [2,3].
No dia 15 de abril de 2021, o Ministério da Saúde do Brasil publicou uma nota técnica autorizando e concedendo prioridade à vacinação de mulheres grávidas e com comorbidades, desde que pertençam a um dos grupos prioritários elencados no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19. Além disso, também foi recomendada a imunização às gestantes que não possuem doenças prévias, sendo que essas últimas poderão receber a vacina normalmente quando for disponibilizada à sua faixa etária, seguindo o calendário de vacinação de cada localidade do país [2]. Alguns trabalhos, inclusive, têm sugerido que anticorpos maternos gerados pós-vacinação sejam transmitidos aos bebês pela amamentação [4].
Outro ponto que se coloca na balança entre vacinar ou não, como destaca o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), é o nível de atividade do vírus na comunidade. Isto é, em locais de alta incidência de casos de COVID-19 e alta exposição ao vírus, dada a maior possibilidade de complicações com a infecção pelo SARS-CoV-2 do que com a vacina em si, recomenda-se considerar a vacinação de gestantes, puérperas e lactantes [5].
Essas recomendações referem-se às vacinas atualmente em uso no Brasil (Oxford/AstraZeneca e CoronaVac), uma vez que esses imunizantes utilizam o vírus em uma forma que o impede de se replicar no corpo humano. Isso significa que essas vacinas tendem a ser seguras e capazes de proporcionar resposta imune, com baixos riscos para as mulheres grávidas, puérperas, lactantes e para os seus bebês [2,6,7].
Referências:
[1] Wondering about COVID-19 vaccines if you’re pregnant or considering pregnancy? Harvard Health Publishing, Harvard Medical School (HMS), 2021. Disponível em: https://www.health.harvard.edu/blog/wondering-about-covid-19-vaccines-if-youre-pregnant-or-breastfeeding-2021010721722. Acesso em: 19 abril 2021.
[2] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. NOTA TÉCNICA Nº 1/2021 – DAPES/SAPS/MS. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/documentos/NT_12021_DAPESSAPS_MS.pdf. Acesso em: 19 abril 2021.
[3] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno. NOTA TÉCNICA Nº 13/2020-COCAM/CGCIVI/DAPES/SAPS/MS. Disponível em: https://egestorab.saude.gov.br/image/?file=20200805_N_NotaTecnicaCovidCocam13_11224596706575811.pdf. Acesso em: 19 abril 2021.
[4] COSTA, AV; GOES, CP; G,P. Breastfeeding importance and its therapeutic potential against SARS‐CoV‐2. Physiological Reports, v. 9, n. 3, 2021. Disponível em: https://physoc.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.14814/phy2.14744. Acesso em 25 abril 2021.
[5] American College of Obstetricians and Gynecology. Vaccinating Pregnant and Lactating Patients Against COVID-19, 2021. Disponível em: https://rblh.fiocruz.br/sites/rblh.fiocruz.br/files/usuario/114/vaccinating_pregnant_and_lactating_patients_against_covid-19_acog_0.pdf. Acesso em: 25 abril de 2021.
[6] Quais os mecanismos de ação das vacinas disponíveis? Portal Coronavírus, Governo do Ceará, 2021. Disponível em: https://coronavirus.ceara.gov.br/quais-os-mecanismos-de-acao-das-vacinas-disponiveis. Acesso em: 19 abril 2021.
[7] Information about COVID-19 Vaccines for People who Are Pregnant or Breastfeeding. Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 2021. Disponível em: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/vaccines/recommendations/pregnancy.html. Acesso em: 19 abril 2021.
R44 Vacinação/medicação preventiva; R74 Infecção aguda do aparelho respiratório superior (IVAS)
Tatiana Nascimbem Bechtejew Marçal – Médica Ginecologista e Obstetra.
Docente do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/3262840014748135
Vinícius de Jesus Rodrigues Neves – Médico de Família e Comunidade.
Docente do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7389719494618747
Guilherme Tosi Feitosa – Graduando do Curso de Graduação em Medicina do Campus de Três Lagoas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/9816319020754975